O transtorno de personalidade borderline na Daseinsanalyse de Alice Holzhey-Kunz
Paulo Eduardo Rodrigues Alves Evangelista
Resumo:
A primeira geração da Daseinsanalyse é conhecida. Inaugurada por Ludwig Binswanger, que assume a descrição da existência (Dasein) feita por Heidegger em
Ser e tempo, para interpretar as psicopatologias como projetos de mundo, é desenvolvida por Medard Boss, com ajuda do próprio filósofo, nos Seminários de Zollikon. Este artigo objetiva apresentar reformulações propostas pela daseinsanalista suíça Alice Holzhey-Kunz (1943 – ), ex-aluna de Boss, que interpreta as psicopatologias como modos de “sofrer do próprio ser”, ou seja, modos nos quais o existir irrompe e revela-se a condição existencial. Ou seja, em experiências psicopatológicas, o entendimento ontológico do próprio ser (pré-inclusão ontológica), costumeiramente encoberto na ocupação, torna a existência cotidiana inviável, exigindo “manobras ônticas” – comportamentos e mecanismos que visam neutralizar caracteres ontológicos, de início fadados ao fracasso. Para melhor ilustrar, apresento e discuto ainterpretação de Holzhey-Kunz para o Transtorno da Personalidade Borderline, recorrendo aum caso clínico.
Palavras-chave: Daseinsanalyse; Transtorno de Personalidade Borderline; Psicopatologia
Artigo publicado na Revista Psicopatologia Fenomenológica Contemporânea, 2017; 6 (2) : 145-157.